E com um último suspiro, ela o olha com incredulidade enquanto ele suando frio e respirando fundo, a sufoca com seu travesseiro branco marfim.
A menina acorda assustada com o barulho do despertador, era hora de ir para a escola. Se arruma rápido e segue seu caminho como de costume. A escola estava absolutamente normal, as pessoas estavam absolutamente normais, os professores absolutamente normais e o diretor absolutamente chato e rabugento, o que era normal também.
Mas, uma coisa fez com que ela se sentisse de uma maneira diferente. Fez com que ela respirasse mais fundo e que seu coração repentinamente acelerasse. "Classe, conheça nosso novo aluno".
Ela o achou lindo, estonteante. E ainda teve a impressão de que o conhecia de algum lugar, mas não lembrava de onde. Ele a olhou e sorriu, fazendo com que ela se derretesse e sorrisse de volta, de uma maneira bem boba.
Eles não conversaram de imediato, e quando o menino estava perto, ela era completamente idiota. Fazia as coisas mais tolas por nervosismo, como tropeçar quando ele a estava olhando, ou sorrir depois de comer sem saber que seus dentes estavam sujos, ou ainda gaguejar quando ele lhe perguntava que horas eram.
Até o dia em que ele resolveu conversar com ela, e a chamou para sair. A menina morreu de vergonha, mas aceitou. Depois desse dia, eles passaram a namorar.
Parecia tudo um sonho, um mar de rosas. Ela só se deu conta da realidade quando se viu dentro do quarto dele. Ele, com sede, desceu as escadas para beber algo. Então ela começou a estranhar o local, sabia que estivera lá, porém não sabia quando e como. E então ele lhe pareceu cada vez mais familiar. Olhou para o travesseiro branco marfim e se lembrou. Ele era o mesmo assassino de seu sonho. Ficou desesperada, pois sabia que iria morrer naquela noite. Precisava fazer alguma coisa para escapar, pois já ouvia seus passos subindo as escadas. E agora, o que fazer? Ele abriu a porta, e ela estava com metade do corpo para fora da janela. Ele a viu e a puxou para dentro do quarto novamente, fazendo com que ela batesse com o rosto na parede e seu dente caísse. Jogou-a na cama e pegou o travesseiro. E com um último suspiro, ela o olha com incredulidade enquanto ele suando frio e respirando fundo, a sufoca com seu travesseiro branco marfim.
"A Primeira Guerra Mundial foi causada pelo Imperialismo, que consistia em conquistar a Africa para..." Despertando de um sono profundo, ela arregala os olhos espantada, olhando para os lados. Não havia nenhum travesseiro, ou aluno novo, era apenas mais uma aula chata de história. Aliviada, volta a dormir com a cabeça na mesa.
Quando chega em casa, tem uma surpresa... Dizem que sonhar com o dente caindo não é boa coisa.
Amei, de verdade, e minha mãe sempre diz isso sobre sonhar com dentes. rs
ResponderExcluirEu nunca sonhei com dentes, graças a Deus.
ResponderExcluirAh, Tevs. Bem inspirado esse texto, eu adorei.
Oi, Tetê! Comento aqui pra não precisar comentar em todos os textos. Achei muito bom, muito bom mesmo o blog, gostei de todos! Acho que você tem uma sensibilidade muito boa pra narrar, seus finais são ótimos e os temas também, sem apelar pra moralismo ou pra escolhas óbvias!
ResponderExcluirMuito legal mesmo, e atenção particular ao epítome do blog, que achei genial: "Contos, crônicas ou histórias sem fotos... O que você preferir."
Parabéns, e conste que voltarei! :)